Rap relato

Ouça a música a seguir e acompanhe a letra.

Ela conta a história de Cocão, que narra um incidente trágico no qual ele se envolveu e suas implicações.

Para o nosso exercício, vamos supor que o nome completo de Cocão seja Kleber Wilson da Silva e que ele seja um morador do Jardim Leblon, em Guarulhos, São Paulo.

A ideia é que, a partir da música, você escreva um texto curto de, no máximo, 1500 caracteres, sobre o quê aconteceu com Cocão, quais foram as consequências do acidente no qual ele se envolveu – tanto as imediatas como as de longo prazo -, quando o incidente ocorreu, qual foi o impacto disso na vida dele, na sociedade e até mesmo na mídia.

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A Vítima

Racionais MCs

-Então Cocão, aí, não leva a mal não, mas aí vai fazer um tempo que eu tô querendo fazer essa pergunta pra você.

Tem como você falar daquele acidente lá, eu sei que é meio chato, embaçado.

-É nada, você quer saber a gente fala né, mano. Vamos lá. Foi dia ó, eu lembro que nem hoje ó, vixe até arrepia, dia 14 de outubro de 94, eu tava morando no Leblon tá ligado?

– Aí o Opala tava na oficina do Di, a gente ia fazer um barato à noite, a gente ia se trombar em Pinheiros, eu não sei se você se lembra, porque você ia com o Kleber direto pra Pinheiros, você ia direto, e nós, eu o Brown, ia pra Zona Sul.

– Naquela noite eu acordei e não sabia onde estava/ Pensei que era sonho, o pesadelo apenas começava/ Aquela gente vestida de branco/ Parecia com o céu, mas o céu é lugar de santo/ Os caras me perguntando: E aí mano cê tá legal?/ Cheiro de éter no ar nunca é bom sinal/

– Dor de cabeça, tontura/ Aquela sala rodava estilo brisa de droga, loucura/ Sangue na roupa rasgada/ Fio de sutura me costura, porra gente não vale nada/ Do que adianta você ter o que quer/ Sucesso, dinheiro, mulher, beijando seu pé/ E num piscar de olhos é foda/ Você é furado igual peneira ou sem valor numa cadeira de roda/ (O que que eu tô fazendo aqui, não quero admitir, agora é tarde, tarde, tarde…)/

– Lamento, meus parceiros me contaram/ Cena após cena, passo a passo que presenciaram/ Mano foi um arregaço na Marginal/ Você capotou, teve até uma vítima fatal/ Da Zona Sul e tal, sentido ao centro/ Uma da manhã, lembrei daquele momento/ Vários Opalas, mó carreata/ E eu logo atrás da primeira barca diplomata/ Tô dirigindo ali no volante/ Opala cinza escuro, 2Pac no alto-falante/

– Por um instante tive um mal pressentimento/ Mas não liguei, não dei conta, não tava atento/ Que merda, um cara novo morreu/ Fatalidade é uma imprudência, divergência, fudeu/ Ele deixou uma mulher que esperava um filho/ Um evangélico que nem conheceu o filho/

– Um suspiro perdi a calma/ Vi uma faca atravessando a minha alma/ Olhei no espelho e vi um homem chorar/ A mídia, a justiça, querendo me fuzilar/ Virei notícia, 1ª página/ Um paparazzi focalizou a minha lágrima/ Um repórter da Globo me insultou/ Me chamava de assassino, aquilo inflamou/ Tumultuou, nunca vi tanto carniceiro/ Me crucificaram, me julgaram no país inteiro/ Pena de morte, se tiver sorte/ Cadeira elétrica se fosse América do Norte/ Opinião pública influenciada/ Era o réu sem direito a mais nada/ Meu mundo tinha desabado/ Na lei de Deus fui julgado, na lei do homem condenado/

-Então Kleber, o cara morreu, mano! -É então, agora é daqui pra frente, Cocão. Não tem mais jeito, tá ligado, não se abala não, tem que ficar firme, nóis tá junto aí!

-Dois anos e poucos de audiência/ Pra mim já era o início da minha penitência/ Aquele prédio no Fórum é mó tortura/ Ali na frente sempre para várias viaturas/ O movimento é intenso o tempo inteiro/ Parece o trânsito, o tráfego, um formigueiro/ Advogado pra cima, pra baixo/ Ganhando dinheiro com mais um réu, eu acho/

– Registrei um cara algemado num canto/ De cabeça baixa, me parecia um cara branco/ Esperando a vez de ser solicitado/ Julgado, talvez até se pá libertado/ Escoltado, vários gambé/ Esse aí não deve ser um preso qualquer/

-Com a mão pra trás olhando pra parede/ Fui beber água, me deu mó sede/ Uma ligação com urgência/ Meu advogado, com o resultado da sentença/ O celular tava falhando/ Não dá pra escutar, mas eu tô indo pra aí falou, tô chegando/ É irmão, fui de metrô/ Aquele frio na espinha que eu tinha, então voltou/ A cada estação, ele aumentava/ Eu não sabia se descia ou se eu continuava/ A procura de uma distração/ Olhava o vagão lotado, a movimentação/ Aquele povo indo pra algum lugar/ Trabalhar, estudar, passear, roubar, sei lá/

– Vi uma mina bonita, discreta/ Pinta de modelo, corpo de atleta/ Eu vi um cara lendo concentrado/ Naipe de estudante, daqueles filhos dedicados/ Vi uma tia crente em pé, cansada/ De cor escura com a pele enrugada/ Ela me fez lembrar/ Parece a mãe da vítima, como será que ela deve estar/…/

– Cheguei no prédio da Ipiranga com a São João/ Respirei fundo, subi a manga do meu camisão/ Decisão, eu tô trêmulo/ Mó responsa não, não entendo/ Muita calma sempre é preciso/ Proibido fumar, li no aviso/ Um porteiro tiozinho lembra meu pai/ Que andar? Qual andar que você vai?/

-No décimo, me sinto péssimo/ A balança fez questão de mais um acréscimo/ Elevador quebrado/ Tem dia que é melhor não acordar que dá tudo errado/ Fui pela escada contando cada degrau/ Cada passada chegava o juízo final/ Tive a sensação de alguém me olhando/ Parecia me seguir, tava ali me gorando/

-Senti um calafrio/ Recordei daquela cena que você não viu/ Do capote, de um grito forte, dos holofotes/ Um vacilo seu já era, resulta em morte/ Daquela Kombi velha partida ao meio/ Daquela hora que eu tentei pisar no freio/

– Andar por andar, onde eu tô não importa/ Lembra da vítima cheguei na porta/ -Então Smurf, é isso aí, deu pra você entender? -É embaçado heim Cocão, que fita hein! -É o seguinte aí, passou eu acho que uns 3 anos, 3, 4 anos de corre pra lá e pra cá, tentando se acertar com a justiça, pagando o que eu devia Graças a Deus, aí hoje eu tô firmão, não devo mais nada pra ninguém, me acertei com Deus e principalmente com a família lá, com a justiça também, e é o seguinte né, a vida tem que continuar, tá ligado…

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26 respostas para Rap relato

  1. Anelize Gabriela disse:

    A retratação dos dois lados de uma história é sempre relevante, mas sempre damos um foco maior para um dos lados e quando se trata de criminalidade a “Vítima” é sempre o destaque. Mas neste caso quem é a vítima? Quem sofreu um acidente fatal e sua familia? Ou, Kleber, que descreve todas suas sensações, pensamentos e versões diante de um crime que não foi premiditado?
    Compreender como tudo aconteceu desde o crime até o seu julgamento deveria fazer parte da cobertura jornalística, porém a mídia só faz cobertura do próprio acidente.
    A parte considerada negra da história, que é do acusado, são ignoradas, quando seria o papel da imprensa fazer entender as diversas facetas das situações de violência urbana, por meio da análise não só de uma visão jurídica, mas por meio das causas do crimes, conhecendo a história e versão de quem os comete.
    A importância desta música está em conhecer o universo do acusado que muitas vezes é marginalizado na imprensa e que muitas vezes não tem voz, por ignorarem sua histórias e os porquês.

  2. Kleber protagonizou um acidente de trânsito com uma vítima fatal. Foi acusado de crime e, preso. Durante os três ou quatro anos que sucederam o evento, sofreu intimamente as consequências de sua imprudência. Agredido e “monstrificado” pela mídia, representada pelo “repórter da Globo”, foi atacado pela imprensa, que o condenou previamente. Influenciada pelos meios de comunicação, a populção o taxa de culpado.
    Entre a consciência pesada, o medo e a luta pela liberdade, Kleber trava uma briga consigo mesmo para retificar suas diferenças com o passado e recomeçar sua vida. Uma pequena distração enquanto dirigia seu carro transformou para sempre sua biografia. kleber jamais seria o mesmo.

  3. Kleber Wilson da Silva, um jovem de 28 anos de Guarulhos São Paulo, foi vítima de um grave um acidente ocorrido no dia 14 de outubro de 1994. Na data ocorrida, o jovem morava no Bairro do Leblon e estava a caminho do bairro de Pinheiros em São Paulo para encontrar seus colegas. Kleber Wilson da Silva foi baleado e acordou inconsciênte em um hospital próximo a zona sul de São Paulo. No momento em que foi baleado, Kleber estava dirigindo e derrapou na marginal Pinheiros, atingindo um jovem rapaz que morreu na hora, sua mulher estava esperando um filho. O caso de Kleber Wilson da Silva foi á julgamento durante dois anos, condenado, sua pena foi de 4 anos de prisão. Hoje, 11 de setembro de 2010, Kleber está solto, e em um breve relato sobre o ocorrido em sua vida desde então, desabafa; “Graças a Deus, aí hoje eu tô firmão, não devo mais nada pra ninguém, me acertei com Deus e principalmente com a família lá, com a justiça também, e é o seguinte né, a vida tem que continuar, tá ligado…”

  4. Mayara Penina disse:

    Kleber Wilson da Silva, morador do Jardim Leblon, dirigia um Opala quando protagonizou um acidente na Marginal Pinheiros, seu carro se chocou contra uma Kombi e um rapaz morreu, deixando uma filha. A imprensa publicou o acidente “crucificando” Kleber, atribuindo a causa do acidente a possível imprudência e irresponsabilidade do motorista. Depois de três anos de idas a fóruns e audiências Kleber sente que pagou o que devia a Deus e à justiça. “Não devo mais nada pra ninguém, me acertei com Deus e principalmente com a família lá, com a justiça também”, comenta.

  5. Provavelmente Kleber Cocão se lembrará deste acidente para o resto de sua vida, por conta das cicatrizes que ficaram em seu corpo, e seu carro todo arregaçado, mas não deve ter noção da proporção que esse acidente pode ter tomado na vida da esposa da vitima fatal, que está grávida e chora de saudade de seu esposo e por saber que seu filho não conhecerá o pai. Mesmo a opinião pública, em comunhão com a grande mídia o condenando sem prévio julgamento, Kleber Cocão só consegue pensar no fato de que não morreu, e que sua vida segue em frente.

  6. Juliana Torres disse:

    Acordou cedo, tomou café e jamais imaginou que aquilo aconteceria. Não conheço ninguém que acorde cedo e pense “vou causar um acidente e matar alguém hoje”. Os julgamentos e as conclusões se formam, a partir de pré conceitos estabelecidos por preconceitos pessoais.
    Kléber, personagem central dessa história, não tinha status, não tinha amigos influentes, não tinha quem falasse por ele a não ser aquele defensor público que, muito provavelmente, não se lembrará dele amanhã. Kléber era invisível na sociedade e foi vítima do que chamamos de pragmatismo social. Obviamente, se um pobre, morador da periferia, comete algum crime ou se envolve em desavenças sociais, seu julgamento já estará “pré-definido”: ele será culpado.
    Não há impacto na grande sociedade. A família da vítima e a família do acusado certamente serão afetadas. Mas a minha família, e a de quem não sabe quem é Kléber, pouco se importará com o que seguirá depois daquilo. O culpado? Não há culpado, ou se há, esse cargo já passeio pelas mãos de todo mundo que tem algum tipo de poder.

  7. Juliana Torres disse:

    Acordou cedo, tomou café e jamais imaginou que aquilo aconteceria. Não conheço ninguém que acorde cedo e pense “vou causar um acidente e matar alguém hoje”. Os julgamentos e as conclusões se formam, a partir de pré conceitos estabelecidos por preconceitos pessoais.
    Kléber, personagem central dessa história, não tinha status, não tinha amigos influentes, não tinha quem falasse por ele a não ser aquele defensor público que, muito provavelmente, não se lembrará dele amanhã. Kléber era invisível na sociedade e foi vítima do que chamamos de pragmatismo social. Obviamente, se um pobre, morador da periferia, comete algum crime ou se envolve em desavenças sociais, seu julgamento já estará “pré-definido”: ele será culpado.
    Não há impacto na grande sociedade. A família da vítima e a família do acusado certamente serão afetadas. Mas a minha família, e a de quem não sabe quem é Kléber, pouco se importará com o que seguirá depois daquilo. O culpado? Não há culpado, ou se há, esse cargo já passeia pelas mãos de todo mundo que tem algum tipo de poder.

  8. Leandro Vieira disse:

    Kleber Wilson da Silva, o Cocão, achou que estava partindo para mais um dia de curtição. Tudo pronto, ele saiu com uma turma de amigos, divididos em vários carros. Mas um acidente acabou com todos os planos, antes mesmo que eles pudessem começar a diversão.
    O carro em que Cocão estava bateu com outro, na madrugada do dia 14 de outubro de 1994 – ele é capaz de lembrar o dia sem demora. O ocupante do outro carro morreu – Cocão só soube disso no hospital, depois do pesado tratamento médico que teve. Ele também soube que o falecido havia deixado uma viúva grávida.
    O aparente alívio por ter escapado com vida do acidente foi substituído pela acusação de homicídio culposo. Cocão sofreu acusações pesadas, tanto da promotoria quanto da imprensa que cobriu o caso, mesmo sem nenhuma confirmação de sua culpa até aquele momento.
    Todo o processo do julgamento durou 3 anos. Com a ajuda de amigos e do rap, conseguiu passar razoavelmente bem por isso – embora, evidentemente, o peso de uma acusação nunca deixou de acompanhá-lo.
    O dia da sentença foi duro. Cada segundo lhe parecia como uma agulhada na alma. Na música que Cocão compôs para relembrar o fato, ele consegue descrever cada movimento que fez a caminho do tribunal. Mas a tortura acabou com uma boa notícia – as provas mostraram que Cocão não teve responsabilidade pelo que aconteceu. Dali em diante, não deveria mais nada a justiça, nem a ninguém.
    O cidadão Kleber Wilson da Silva voltou então a ser um homem livre, de fato e de direito. E Cocão ganhou o tema para fazer o seu melhor rap.

  9. Rodrigo Tavares disse:

    Cocão deixa a cadeia

    Por Rodrigo Tavares
    Depois de cumprir quatro anos de reclusão, Kleber Wilson da Silva, o Cocão, está em liberdade. Acusado de matar uma pessoa em um acidente de trânsito, ele foi condenado pela justiça por homicídio culposo —que não tem intenção de matar.

    Ao deixar a penitenciária, Cocão disse a jornalistas que a sua vida mudou depois de cumprir pena. “Aí hoje eu tô firmão, não devo mais nada pra ninguém, me acertei com Deus e principalmente com a família lá, com a justiça também, e é o seguinte né, a vida tem que continuar, tá ligado”, disse com os olhos marejados.

    O acidente aconteceu no dia 14 de outubro de 1994, na Marginal Pinheiros. O Opala que Cocão dirigia atingiu uma Kombi que transportava nove pessoas. Um homem morreu a caminho do hospital e três pessoas sofreram ferimentos leves. Cocão, na ocasião, seguia outros carros em direção a uma festa em Pinheiros. Segundo testemunhas, ele estava dirigindo em alta velocidade.

    O caso teve repercussão nacional. À época grávida, a esposa da vítima comoveu o país. Após o acidente, o Congresso Nacional discutiu penas duras para acidentes de imprudência no trânsito. Alguns deputados cogitaram implantar a pena de morte.

  10. Kleber Wilson da Silva, vulgo Coção, morador do Jardim Leblon, em Guarulhos, São Paulo.
    Causa um acidente em uma noite de um rolê que parecia normal, igual aos outros anteriores, ao tentar ultrapassar um carro mais lento que estava em sua frente, mas não percebeu uma Kombi que estava em outra, tentou freiar, mas o ponteiro estava acima de 1oo km/h. Capotou e bateu violentamente na kombi. Infelizmente um jovem novo morreu, João, evangélico, cameraman da globo, voltava para redação, após a cobertura da inauguração de um novo Hotel na zona sul. (Coloco o fato de o jovem morto ser um cameraman da globo por exemplo, é porque o desenvolver dessa historia tomou proporções muito grandes, para mis um simples acidente de trânsito)

    A proporção de acidente só cresceu visto que o jovem que morreu é alguém influente para alguém, e esse alguém é a globo, porque se fosse um jovem qualquer, acredito que esse circo midiático não teria sido armado.

    Depois no final da música ele fala das consequências que sofreu perante a justiça, terminando a música falando pro amigo que o processo demoro em torno de 3 a 4 anos para resolver tudo e diz que hoje é um quem digno novamente, apesar dessa ferida na sua vida.

  11. Cleber Arruda disse:

    O rap é o desabafo de um amigo contando a versão de um acidente de trânsito, em que ele se envolveu e causou a morte de um pai de família. Kléber, o causador da fatalidade, relembra como acordou da tragédia já setenciado pela grande mídia, que cumpre o seu papel instantâneo de mostrar o fato e apontar os seus culpados.
    Para Kléber, as lembranças do momento são vagas, mas bastaram para transformar uma noite que seria de alegria ao lado de outros amigos em um terrível pesadelo. Ele nunca mais será o mesmo. A reviravolta deixou feridas abertas e muitas cicatrizes.
    Apesar dele revelar ter deixado em ordem todos os acertos que precisou fazer, com a Justiça, com Deus e, principalmente, com os parentes das vítimas, ele ainda demonstra pesar ao tocar no assunto quando finaliza o discurso em tom de conformismo com a sentença de que “a vida tem que continuar”.

  12. Cocão diz estar em paz com Deus, com a família, com a justiça. Mas sabe-se que desde 14 de outubro de 1994 não apenas a sua como tantas outras vidas foram modificadas. Ele, cujo nome de registro é Kleber Wilson da Silva, relata como, por causa de um acidente de carro, conheceu a ira da mídia, justiça e, talvez a mais cruel, sua própria.
    Seu carro, um Opala, se chocou com uma Kombi na Marginal. No acidente, um jovem evangélico morreu sem conhecer seu filho. Cocão não saiu ileso: além do trauma físico e do processo por homicídio culposo, ainda conviveu com o pior juiz: sua consciência.
    Destaca-se neste caso como foi o possível comportamento da mídia, que tem por costume declarar culpados com a mesma facilidade que os esquece. Segundo o próprio réu, foi insultado por um repórter da Globo, declarado assassino. Armou-se um circo ao redor de um acidente. Esse é o comportamento típico da imprensa brasileira: assumir o papel de Quarto Poder, apesar de sua capacidade para tal estar em xeque.
    Depois de quatro anos, apesar de se declarar em paz, Cocão não se esquecerá do dia em que redesenhou o rumo de uma gama de pessoa – famílias, espectadores – por sua falta de atenção.

  13. O acidente entre véículos que aconteceu na Marginal em outubro de 1994 resultou na morte de um dos envolvidos e na prisão de outro. Kléber (Cocão) ficou dois anos na prisão, onde passou grandes dificuldades, à espera do julgamento. A sua prisão foi motivada por uma infração de trânsito. Kléber estava além da velocidade permitida na via expressa. A perícia não encontrou nenhum vestígio de drogas ou bebidas alcóolicas. A sentença final dada a Cocão foi a de um cumprimento de dois anos de regime aberto, no qual ele deveria fazer campanhas de conscientização de trânsito no bairro do Leblon, em Guarulhos. Kléber saiu do julgamento muito satisfeito com a notícia e era o fim de uma história que o perseguia durante anos. A família do rapaz morto ficou indignada com a decisão do juiz e iam recorrer à decisão junto ao advogado.

  14. Vagner de Alencar disse:

    Atualmente os noticiários reportam dezenas de acidentes nas marginais de São Paulo diariamente. Há 17 anos, Kléber Wilson da Silva, conhecido com Cocão, foi também protagonista de um acidente na Marginal Tietê, aparentemente tão comuns hoje em dia.
    Em 14 de outubro de 1994, partindo de Guarulhos, a caminho da Zona Sul de São Paulo, na companhia do amigo Brown, Cocão se encontraria com outros colegas no bairro de Pinheiros, caso o automóvel que dirigia não colidisse com outro veículo, uma kombi, que era guiada por um jovem motorista que não resistiu à tragédia.
    Cocão e o amigo não sofreram apenas ferimentos, porém o acidente resultou em uma vitíma fatal.
    Foram mais de anos anos de audiência e quatro anos de sentença, o preço que Cocão pagou pela irresponsabilidade ou distração que revelam os altos indíces no número de tragédias vitimando pessoas nas vias de São Paulo e do país.
    Condenado pela mídia e julgado por Deus, para o rapper, sua dívida com a justiça e família foram pagas, e dessa forma a vida continua, revelada na música, em suas letras autobiográficas.

  15. Há doze anos, no dia 14 de outubro de 1994, kleber Wilson da Silva, mais conhecido como Cocão, passaria a viver mais um capítulo de sua vida, porém, mal sabia ele a repercussão desse ocorrido. As marginais paulistanas são, em um todo, muito movimentadas, fazendo com que a cada dia haja cada vez mais acidentes e conseqüentemente grandes congestionamentos, mesmo quando são acidentes leves, pois cada segundo parado se torna uma hora, pensando no número de carros que pelas marginais transcorrem.
    Cocão nesse dia era mais um dos milhares de motoristas que passavam pela Marginal Pinheiros, e mais um também que vivenciaria na pele um acidente de trânsito. Enquanto ouvia música em seu Opala 89, Cocão não percebeu o motoboy que ao seu lado estava, e em um momento de pleno contentamento auditivo acelerou o carro e se esqueceu de olhar o retrovisor, quando de repente só se ouviu um grande estrondo. O asfalto, nunca antes visto de tão perto, era o aparato que Cocão encontrara para se apoiar, enquanto do outro lado da via olhava para o corpo estendido pelo chão – era Claúdio, 26, evangélico e trabalhador, e que esperava ansiosamente a vinda de seu primeiro filho.
    Cocão nunca teve a intenção de matar Cláudio e isso é evidente, mas o evidente se tornou pauta e da pauta virou notícia e a notícia tornou-se manchete dos mais “sensacionais” jornais do país. A sentença já estava dada, afinal, o que sai no Jornal Nacional é a verdade absoluta, pouco importa as verdades intrínsecas dos verdadeiros viventes do fato. Cocão foi o sobrevivente, mas por muito tempo pensou que seria melhor ter morrido naquele acidente, a ser culpado sem antes julgado. Mesmo sabendo que nada paga a vida de um ser humano, por três a quatro anos tratou de indenizar a família de Cláudio e mais que isso, recuperar seu próprio estado emocional, abalado pela repercussão dos fatos pouco apurados pela mídia que tende a ver o sofrimento alheio como mais um objeto líquido de acumulação de lucro.

  16. Bianca disse:

    O que era para ser uma noite agradável se tornou um pesadelo para Kelber Wilson, que se envolveu em um trágico acidente de trânsito na qual ficou em cima de uma cadeira de rodas, carrega seqüelas em seu corpo até hoje e fez uma vítima fatal, devido a imprudências que cometeu no trânsito.
    Kleber sempre se lembrará do dia em que tirou a vida de um pai de família fez uma viúva chorar, virou notícia, passou a ser julgado por diversas pessoas e ficou isolado do mundo.
    A certas pessoas, como Kleber, que acabam se distanciando dos princípios morais e éticos, mas acredito que todos temos direito a uma nova chance, e assim poder desenhar a vida de uma forma diferente e isso move o mundo a se construir para um futuro melhor.

  17. Os acidentes nada mais são do que uma ruptura na ordem natural das coisas. Quando tudo parece bem, seguro, caminhando num fluxo constante de normalidade, o tempo e o espaço se convergem e criam o acidente. Num segundo, o resultado dessa mistura é um dedinho que vai parar na ponta de um móvel da casa, um tropeço que leva a pessoa ao chão, um avião que cai, um carro que bate.
    Kleber Wilson da Silva, conhecido entre os amigos como Cocão, foi vítima de um acidente. No dia 14 de outubro de 1994, ele capotou seu Opala em plena Marginal Pinheiros. “Naquela noite eu acordei e não sabia onde estava, pensei que era sonho”, conta Kleber. No acidente, o veículo de Cocão atingiu outro carro que passava pela avenida, matando o motorista.
    Após o acidente, Cocão sofreu a rotineira pressão da mídia, que sempre cobra um culpado. Ele foi a acusado de homicídio culposo. O julgamento demorou a chegar, aumentando a ansiedade de Cocão. Ao final, foi absolvido, mas as marcas deixadas ainda lhe tiram o sono.
    O pior acidente é aquele que dura a vida inteira.

  18. No dia 14 de outubro de 94, o jovem Kleber Wilson da Silva – conhecido como Cocão -, morador do Jardim Leblon, Guarulhos (SP), se envolveu num grave acidente na Marginal.
    A caminho de um passeio com os amigos, em Pinheiros, o carro do jovem se chocou com uma Kombi e deixou uma vítima fatal, na zona sul de São Paulo. A vítima era jovem, casado e sua esposa estava grávida.
    Cocão, ainda no hospital, dopado de remédio, tentava lembrar do que havia acontecido. As marcas do acidente foram imediatas, tanto no corpo quanto na alma. Condenado pela sociedade e pela grande mídia, seu rosto foi estampado na primeira página do jornal.
    Depois de quatro anos de audiência e sentença, o jovem lembra que “a vida continua” e fala mais aliviado por não dever mais nada à justiça.

  19. Wilheim Rodrigues disse:

    Kleber Wilson da Silva, morador do Jardim Leblon conhecido como “Cocão”, participou de um acidente de trânsito no dia 14 de outubro de 1994, na Marginal Pinheiros. Um Opala dirigido por Cocão chocou-se com uma Kombi, cujo motorista faleceu e deixou sua mulher, que estava grávida. O caso teve repercussão nacional, Cocão sofreu execração pública e foi taxado de irresponsável e imprudente pelos principais meios de comunicação do país. Acabou condenado após mais de dois anos de julgamento e ficou encarcerado por quatro anos.

  20. Patrícia Carvalho disse:

    Acidente na Marginal Pinheiros faz vítima fatal na noite de 14 de outubro de 1994.
    Estavam no automóvel Kleber Wilson da Silva, vulgo Cocão, que guiava o automóvel modelo Opala e um amigo conhecido por Brown. O veiculo que vinha da zona sul, seguia em alta velocidade, colidiu-se com outro automóvel e fez uma vítima fatal.
    Kleber e Brown ambos moradores do Jardim Leblon, Guarulhos, saíram de casa no dia 14 de outubro com a intenção de encontrar mais dois amigos no bairro de Pinheiros. Kleber diz ter tido um mal pressentimento durante a ocasião, mas jamais poderia imaginar o que aconteceria. Afirma ainda não se recordar dos momentos que procederam à colisão e que todos os fatos o foram relatados por amigos.
    Segundo testemunhas, o carro guiado por “Cocão” seguia em alta velocidade, sentido centro de São Paulo, houve ainda uma tentativa de freiar o automóvel antes do acidente, mas não existiu tempo o suficiente para isto. O carro atingido pelo opala, um automóvel modelo Kombi partiu-se ao meio e seu motorista morreu na hora, deixando mãe e esposa.
    Kleber Wilson da Silva passou por um longo e exaustivo processo de julgamento que se estendeu por aproximadamente dois anos, foi condenado e após cumprir sua pena diz se sentir em paz

  21. Luana Pequeno disse:

    Era 14 de outubro de 1994, um dia como qualquer outro. Eu tinha marcado de encontrar com uns amigos depois que saísse do trabalho. Fui pra casa, tomei banho e peguei o carro. Tava uma noite gostosa. Lembro de ter ligado o som do carro e ficar acompanhando as letras das músicas. Tava me sentindo bem naquele dia.

    Era um percurso rápido e eu não peguei trânsito. Talvez muitas pessoas ainda não tivessem voltado do feriado prolongado. A noite tinha tudo para ser perfeita.

    E foi quando aconteceu. Lá na Marginal.

    Não me lembro de nada. Quando acordei, estava no hospital. Não imaginava a gravidade da situação até ver a expressão preocupada no rosto dos meus amigos. Eu parecia bem. Por que aquelas caras?

    A verdade chegou até mim de maneira assustadora. Um cara tinha morrido no acidente e a culpa era minha. O que senti naquele momento não tem descrição. Quis chorar, mas não tive forças. Quis gritar, mas a voz não saia. Desejei que aquilo não tivesse acontecendo. Fechei os olhos na esperança de voltar no tempo e mudar a realidade, mas quando abri novamente, ela continuava lá.

    Os anos seguintes foram os piores da minha vida. Advogados, audiências e a sentença final. De repente a cadeia, que eu só via nos noticiários, passou a fazer parte da minha vida. Os banhos de sol, as refeições frias e os jogos de baralhos. Os meus dias se resumiam a isso. Apesar de ter sobrevivido ao acidente, de certa forma, eu também perdi vida.

  22. Valéria Vieira disse:

    Quatorze de outubro de 1994, a vida de Kleber Wilson da Silva, mais conhecido como Cocão, jamais seria a mesma. Ao som de 2Pac, em um opala cinza escuro, Cocão, que morava no Leblon, Guarulhos, São Paulo, ia se encontrar com amigos em Pinheiros. Entretanto, nunca chegou ao seu destino.
    O opala que dirigia se chocou com uma Kombi, na Marginal Pinheiros, sentido centro. O acidente fora grave. A Kombi havia se partido ao meio e um jovem perdido sua vida. O rapaz, evangélico, morreu deixando sua mulher grávida. Uma vítima fatal e outras vidas destruídas.
    Já era noite quando o acidente ocorreu. Cocão apenas se recorda de tentar pisar no freio, do capote, de um grito forte e dos holofotes. Detalhes do acidente ficou sabendo pelos amigos, quando ainda estava no hospital. Virou primeira página de jornal, foi julgado pela justiça e pela sociedade, chamado de assassino.
    Foram quase quatro anos, de julgamento e sentença, para pagar sua dívida com a justiça. Hoje não deve mais nada para ninguém. Quer apenas continuar a sua vida dignamente.

  23. Deu na Mídia

    Já era primavera, noite movimentada, comum para Marginal Pinheiros, fim de tarde. Até então, tudo normal, trânsito congestionado, céu carregado e rua movimentada. É, mas na cidade de São Paulo, o comum é inacreditável. A história do vendedor Kleber Wilson da Silva, Cocão, começa assim:

    18h, sexta-feira, Cocão estava a caminho de casa – já tinha saído do trabalho. Em seu Opala89, ao som de Mc Leozinho, vidros abertos, já não respeitava a sinalização e a placa indicava 80 quilômetros por hora. Kleber só pensava em chegar na sua casa, tirar o sapato, tomar “aquele banho” e ir para o bar beber “umas” com os amigos.

    Cocão, imprudente, com pressa no volante, causou um acidente fatal em Pinheiros. Os dois carros capotaram, Kleber teve sorte, mas o outro motorista morreu na hora. Um jovem, 20, evangélico, faleceu sem conhecer o filho.

    Deu na mídia, “Imprudência no Trânsito Mata Jovem Pai Evangélico”. Cocão ficou marcado, como o assassino do bairro, da cidade e do estado. Quem viu o acidente disse que não foi assim, tão trágico, mas a imprensa possui um poder de distorcer os fatos.

  24. Karol Coelho disse:

    Kleber Wilson da Silva, em sentido à Zona Sul, dirigia um Opala de um cliente da oficina do amigo, drogado e com o som em alto volume, era cerca de 1 hora da madrugada quando bateu em uma Kombi. O motorista morreu e deixou sua esposa que estava à espera de um bebê.
    Cocão, como é chamado, cumpriu pena de 4 anos e teve seu caso repercutido no país.
    Hoje, Kleber acredita ter arcado com as consequências da noite de 14 de outubro de 94: “Graças a Deus, aí hoje eu tô firmão, não devo mais nada pra ninguém, me acertei com Deus e principalmente com a família lá, com a justiça também, e é o seguinte né, a vida tem que continuar”, afirma.

  25. O preço da imprudência.
    Na madrugada do dia 14 de outubro de de 1994, Kleber Wilson da Silva, morador do jardim Leblon em Guarulhos, viveu um dos piores pesadelos da sua vida. Envolvido em um acidente de trânsito na Marginal Pinheiros que teve como consequência a morte de um homem, evangélico ,casado e com a esposa grávida. Cocão, como era conhecido, lembra do filme passando em sua cabeça:”Recordei daquela cena que você não viu/ Do capote, de um grito forte, dos holofotes/ Um vacilo seu já era, resulta em morte”.
    O carro, os amigos, mulher dinheiro. A dor, sangue e o sofrimento da família da vítima. Sua condenação pela mídia, sociedade, justiça e Deus. A prisão e a liberdade física.
    Isso faz parte da rotina de milhares de brasileiros que são vítimas de acidentes, muitos deles causados pela imprudência. Alguns levam as lembranças pra sempre e outros infelizmente nem podem contar a história.

  26. Amanda A.d.s disse:

    Isso mostra como a injustiça ,acontece no Brasil.
    Cocão um jovem negro vindo de uma periferia na grande São Paulo , foi preso e condenado por uma coisa que, vamos dizer que ele não fez por “querer” garanto que se fosse um jovem branco nascido em um bairro nobre da grande São Paulo , não ficaria nem dois minutos dentro de uma cela ; mais como foi um jovem negro isso fatalmente ocorreu e se não mudarmos esse Brasil, teremos casos assimilares.

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